Cardeal - Galo da Campina

Cardeal - Galo da Campina

Falaremos sobre a criação de “CARDEAL”. Existem no Brasil cinco formas diferentes. Como sempre, vamos adotar a classificação de Sybley, que é a mesma do Livro “Todas as aves do Brasil” de Deodato Souza que citam cinco subespécies: 

a) Cardeal do Sul, Paroaria coronata, 18 cm , cabeça anterior e garganta vermelhas, topete ereto, abdomem branco, costas acinzentadas, quase todo o Rio Grande do Sul. 

b) Cardeal do Nordeste ou Galo da Campina, Paroaria dominicana , 17 cm, igual ao anterior sem topete, quase todo o Nordeste brasileiro. 

c) Cardeal da Amazônia, Paroaria gularis, cabeça vermelha, gravata preta, toda a Amazônia brasileira.

d) Cardeal do Goiás, Paroaria baeri, coroa da cabeça e bigodes vermelhos, costas pretas e abdomem branco, Goiás e limítrofes. 

e) Cardeal do Pantanal, Paroaria capitata, cabeça vermelha, bico e pernas amarelas. 

Não há disformismo sexual entre eles, a fêmea é exatamente igual ao macho, só os experts conseguem diferenciá-los. Todos tem sido vítimas de perseguição tanto pela caça predatória como pela degradação do meio ambiente. 

Únicas formas de evitar a extinção; parques nacionais protegidos nas áreas de distribuição, respeito ao que existe na natureza e reprodução em criadouros registrados, ou fazemos isso, efetivamente, ou nossos pássaros desaparecerão. 

Vamos falar mais e especificamente do Cardeal do Sul e do Cardeal do Nordeste/Galo da Campina, que são os únicos que despertam interesse em sua criação. Embora possa-se manejá-los da mesma forma, os outros três, não são apreciados pelos passarinheiros e quase não se os encontram em gaiolas ou viveiros. Procriam na natureza da primavera até o início do outono, de setembro a março. 

A partir desta época, param de cantar, fazem a muda anual e juntam-se em bandos, os adultos e os jovens. Este procedimento os ajuda na tarefa de alimentação nos meses de escassez. O ambiente natural do sulista são as bordas dos arrozais, campos com vegetação alta e bordas de matas, do nordestino é a caatinga e matas ralas. 

Quando no processo de reprodução, tornam-se pássaros extremamente territorialistas, cada casal demarca a sua área e não permite a presença de outros adultos da mesma espécie; o macho canta intermitentemente a todo volume para delimitar o seu espaço. Pode-se ouvir o seu canto a quilômetros de distância. O Cardeal, é um belo pássaro e muito apreciado pelo seu canto. O interesse das pessoas é muito grande, a demanda é grande, é hora então de praticarmos a preservação através de um intenso trabalho de reprodução; as matrizes capturadas são suficientes para o trabalho. 

A caça predatória tem que cessar urgentemente. As Portarias do IBAMA, tanto a 118 como a 057, estão aí e possibilitam e estabelecem condições para a permissão para a procriação, tanto para profissionais como para hobistas. Quem quiser ganhar dinheiro produzindo e transacionando os filhotes, pode e deve fazê-lo, até exportar pode. 

Desde que as normas sejam respeitadas o IBAMA concordará e a sociedade aplaudirá pelo trabalho de preservação que é desenvolvido. Poder-se-á, com isso, praticar-se o repovoamento em locais predeterminados. Tem-se tido notícias de vários criadores, embora de criação ainda um tanto esparsada; o certo é que ele procria com muita facilidade, é de fácil manejo. 

Na natureza sua alimentação é muito variada, o do Sul: arroz, sementes de capim, insetos e frutas silvestres; o do Nordeste: sementes de capim, gramíneas , insetos e frutas. O canto dos dois é muito parecido, o do sul de quatro a cinco notas batidas e repetindo-os inúmeras vezes; o do nordeste, também, mas a definição do Pai-Filho-Espirito-Santo-Amém é o mais apreciado. 

A fêmea também canta só que baixo e enrolado, tipo chilreando simultaneamente com seu macho e só o ele canta de açoite e de estalo. Quase não se agüenta escutá-los em um ambiente fechado, é muito forte o som obtido, pode até prejudicar a audição de uma pessoa. Há uma pequena diferença de dialetos de uma região para outra. 

Por isso, pode-se ensinar aos filhotes o canto da melhor qualidade a partir de fitas gravadas com os melhores pássaros. Apenas para o do Sul, no Rio Grande do Sul, há torneios de qualidade de canto e de fibra, sob os auspícios da FOG. Para o Nordestino, não há ainda torneios de canto. 

Vive, se bem tratado em ambientes domésticos por volta de 20 anos. A alimentação básica de grãos deve ser: alpiste 50%, painço 20%, aveia 10%, arroz em casca 10%, girassol 10%. Dois dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d’água. Utilizar a ração da Tril, que é das melhores e para suprir suas outras necessidades nutricionais de pássaro em reprodução, o mais importante é fazer a farinhada e ali se ministrar grande parte dos ingredientes necessários à saúde da ave.

Pode ser elaborada da seguinte forma: 5 partes de milharina, 1 parte de germe de trigo; 1 parte de farelo de proteína de soja texturizada; 4 colheres de sopa de suplemento F1 da Nutrivet para um quilo; 1 gr de Mold-Zap para um quilo da mistura; 1 gr. de sal por 1 quilo da mistura; 2 gr. de Mycosorb por quilo, e 2 gr de Lactosac (probiótico). Após tudo isso estar bem misturado, coloque na hora de servir, duas colheres de sopa cheias dessa farinhada uma colher de sopa cheia de Aminosol. 

Importante também, ferver durante 20 minutos os grãos alpiste, painço, arroz integral, lavar bem e misturar à farinhada. Quando houver filhotes no ninho adicione o ovo cozido. Outra mistura importante deve ser feita com farinha de ostra 20%, Aminopan 30% e areia 50%. É preciso, também ministrar inseto vivo, tipo larvas de tenébrio, à base de 10 de manhã e 10 à tarde, por filhote. O Cardeal, consome quase de tudo, é muito fácil alimentá-lo adequadamente. Só falta, então a escolha do local apropriado, ele deve ser o mais claro possível, arejado e sem correntes de vento. 

A temperatura para o do Sul deve ficar na faixa de 20 a 30 graus e o do Nordeste de 25 a 35 graus Celsius e a umidade relativa na faixa de 40 a 60%. A época para a reprodução é de setembro a fevereiro, coincidente com o período chuvoso e com a choca na natureza. Pode-se criá-los em viveiros, grandes ou pequenos, todavia não o aconselhamos. Em viveiro, o manejo é difícil e controle do ambiente impossível, ali os filhotes costumam cair do ninho e morrem. 

Para quem optar por utilizar gaiolas – que têm a relação custo/benefício menor – devem ser de puros arame dispostas em prateleiras e terão 80 cm de comprimento por 40 cm de largura por 35 cm de altura. 

Com uma divisória no meio e com um passador lateral. Aconselhamos os criadores adotarem esse método porque de mais fácil manejo e para melhor utilização de espaços. A do macho pode ser a metade disso. 

No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar grade que terá que ser lavada e desinfetada uma vez por semana, no mínimo. Utilizar ninhos em forma de taça, de preferência de bucha, de diâmetro 12 cm e 6 cm de profundidade no centro. Não esqueça de pendurar bastante raiz de capim e pedaços de corda de sisal para estimular a fêmea. Sabe-se que uma fêmea está pronta quando ela começa a voar muito, a arrancar papel do fundo, carregar capim no bico e levá-lo para o ninho. 

No manuseio do macho, o melhor é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo para outra gaiola, assim pode-se utilizar um macho para até 5 fêmeas. Elas podem ficar bem próximas umas das outras em prateleiras, separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer. O número de ovos de cada postura é quase sempre 2, às vezes 3. 

O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho aos quinze dias de idade podendo ser separado da mãe com 35 dias. Importante a administração de Energette®, ou Babyzoo, através de uma seringa graduada, no bico dos filhotes enquanto eles estão no ninho para ajudar a fêmea no tratamento. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. 

As anilhas serão colocadas do 9 ao 10 dia de vida. Cada fêmea choca 4 vezes por ano, podendo tirar até 8 filhotes por temporada. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. 

Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis. 

Confiamos que os amantes destes pássaros irão trabalhar para a preservação deles praticando sua reprodução para corresponder a confiança que a sociedade está depositando neles permitindo sua manutenção em ambientes domésticos.

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